Bispos às apalpadelas – Francisco Moita Flores

Já outros Papas se tinham insurgido contra o abuso sexual de menores por ministros da Igreja. Porém, foi o Papa Francisco quem deu o murro decisivo na mesa. Para ele, e tem-no repetido por diversas vezes, há tolerância zero para este tipo de práticas e para qualquer tentativa de encobrimento ou de cumplicidade pelo silêncio.

A Igreja não reagiu como um bloco a esta decisão papal. Em Portugal, ao contrário da Espanha mas bem longe da França, os nossos bispos cumpriram os mínimos. Entre alegações contraditórias e afirmações disparatadas, lá encontraram forças para criar a comissão independente à qual foi dado o prazo de um ano para ouvir vítimas de eventuais abusos e, se fosse caso disso, participar às autoridades dos Estado os crimes conhecidos.

A coisa parecia resolver o assunto. Os prevaricadores iam parar às mãos do Ministério Público, a imagem da Igreja purificadora sairia reforçada e os bispos poderiam dizer a Francisco: Cumprimos, como vê somos bem comportados e o pesadelo acabou!

Porém, a comissão de sábios ofereceu-lhes um presente envenenado. São poucos os casos que merecem a tutela de autoridade judiciária e, com o passar do tempo, ver-se-á que poucos ou nenhum restarão nesta alçada, entregou-lhes uma lista de cem nomes de eclesiásticos com história de práticas pedófilas e deixou claro que são mais de quatro mil as vítimas destes crimes vis. Dito de outro modo, os procedimentos a adotar dizem respeito à Igreja, ao seu modo de atuação para com estes criminosos (na esmagadora maioria dos casos os crimes estão prescritos) e torna-se urgente afinar os princípios de Moral de que ela se diz guardiã.

A Conferência Episcopal que avaliou o relatório, comunicou esta semana as suas conclusões e, nelas, podemos ver que os nossos bispos estão às apalpadelas, sem encontrar o interruptor que lhes ilumine a inteligência. Incapazes de lidar com a sexualidade, habituados ao culto do segredo e da conivência, medrosos da exposição pública dos seus pecados, apenas alimentaram a revolta e a indignação entre crentes e não crentes. Espera-se que, mais uma vez, o Papa Francisco os coloque nos eixos.

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