Cada peregrino que percorre o caminho português de Santiago, gasta em média 50 euros por dia, em restauração e alojamento. O que em 2022 pode representar um impacto económico global nas localidades de passagem, entre o Porto e a fronteira, de mais de 16 milhões de euros. O gasto médio global pelo tempo de estadia é superior ao de um turista tradicional. A maioria dos peregrinos são mulheres e pessoas com mais de 60 anos. E a sua motivação para fazer o caminho é “cada vez menos religiosa”.
É este o perfil traçado pelo economista e investigador da Universidade de Santiago de Compostela, Melchor Fernández, no evento “Facendo Caminho”, que está a decorrer em Vigo, organizado pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial fa Euroregião Galiza-Norte de Portugal.
“Sabemos que quando fazemos estes cálculos mais complexos, não só do que gastam diariamente, assim como é que este se traduz no conjunto da economia, através dos serviços de alojamento e de refeições, o impacto dos peregrinos é superior ao de um visitante tradicional, tanto interno como internacional”, declarou Melchor Fernández, adiantando que “o nível de gasto médio é à volta de 50 e 55 euros. É um valor muito por baixo de um turista internacional, mas tem um efeito de arrasto sobre o território, que é muito superior”, explicou. “O peregrino desloca-se continuamente pelo território, distribuindo o seu impacto económico”.
Melchor Fernandéz referiu o “crescimento exponencial” do caminho português, principalmente o da costa. E sobretudo com a procura de estrangeiros. “É um caminho muito mais internacional”, sublinhou, comentando que “o Porto está a afirmar-se como ponto de partida”, uma vez que “as conexões aéreas em constante crescimento facilitam a acessibilidade, a chegada e saída de peregrinos internacionais”. E acrescentou que o aeroporto Sá Carneiro tem “programados 106 destinos e 26 países”.
Também revelou que os caminhos para Santiago têm apresentado uma “dinâmica positiva desde 2010, com forte impacto durante a pandemia, mas todos têm evoluído”. “O inglês, o português e o primitivo, são os que mais têm crescido”, disse, acrescentando que “o francês está a perder peso relativo e o português a ganhar peso relativo”. “O potencial de crescimento dos caminhos portugueses é tremendo”, concluiu.
De acordo com o investigador, “cada ano há mais mulheres (52,1% em 2022), mais pessoas idosas (maiores de 60 tem um peso superior aos menores) e perda de peso da motivação religiosa”. E “cada vez mais estão a incrementar-se os percursos curtos”.
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