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Opinião: Heróis de Portugal

Recentemente, em conversa com um amigo, empresário de Coimbra, ele confessava que gostaria que se valorizassem, tanto as pessoas que ficam em Portugal a trabalhar, como se valorizam as que singram fora do país. Tendo a concordar. Ter uma carreira de sucesso fora do País não é tão difícil como parece, principalmente, se a alternativa é ficar em Portugal.
Ser pequeno-médio empresário significa pagar uma montanha de impostos, que impedem o mesmo de crescer e desenvolver o seu negócio. Significa, também, ser um alvo de coimas para um infindável número de entidades públicas que regulam, fiscalizam e controlam a atividade económica. Diversas vezes, essas multas são relativas a pseudo-irregularidades definidas por uma rede de burocratas que proliferam nessas mesmas entidades. A relação Estado-empresa é, muitas vezes, uma relação abusiva. Os empresários, se não pagarem os seus impostos a tempo e horas, sofrem consequências que, para além de pesadas coimas, podem passar, também, por proibição de continuar a sua atividade. Quando o Estado não paga dentro dos prazos legais, nada acontece. Regra geral, o empresário não recebe o devido reconhecimento por criar emprego e riqueza na sociedade.
O trabalhador por conta de outrem, por norma, aufere um salário médio-baixo e tem, sobre si, uma elevada carga fiscal. Ao contrário de grande parte dos países Europeus, o contribuinte português, principalmente o da classe média, recebe muito pouco em troca. Se não, vejamos: Na saúde, se não tiver um seguro privado, não consegue ter acesso, regularmente, a uma medicina preventiva e de acompanhamento. Na educação, se os filhos frequentarem a escola pública, com a quantidade de greves dos professores e do pessoal auxiliar, ou bem que têm uma rede familiar de suporte, ou, então, estão constantemente a pedir dias ao empregador, para ficarem com os filhos em casa. Dentro das cidades, os transportes públicos são tão ineficientes que é quase inviável, principalmente para quem tem filhos, não ter carro. Mais uma despesa brutal a ter em conta. A mobilidade entre as principais cidades faz-se através de carro, a pagar portagens, com a CP, com constantes atrasos e greves, ou de autocarro.
A classe média Portuguesa vive, constantemente, sob um mau negócio. Paga muito e recebe pouco em troca. Por isso não me custa nada partilhar a visão do meu amigo. Hoje em dia, viver e trabalhar em Portugal é quase um ato heroico.

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