O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reafirmou esta segunda-feira, em Fátima, o compromisso da Igreja em “erradicar os abusos sexuais” e frisou quer ser “parte ativa na resolução deste drama, que se encontra transversalmente presente nos diversos quadrantes da sociedade”.
D. José Ornelas deu início à 206.ª Assembleia Plenária da CEP que, até quinta-feira, reúne os bispos portugueses para, entre outras decisões, eleger o presidente da conferência. “Este tem sido um percurso doloroso para todos, particularmente para os membros do clero”, frisou o bispo, que destacou, na cerimónia, os abusos sexuais.
“Continuamos apostados no caminho que a Igreja tem vindo a percorrer para que os ambientes eclesiais sejam cada vez mais seguros para as crianças, jovens e adultos vulneráveis, e para que os crimes cometidos no passado possam ser reparados, na medida do possível, e não voltem a acontecer”, afirmou. “Reconhecer, pedir perdão e agradecer só têm sentido na medida em que são acompanhados de decisões e ações concretas para transformar a realidade”, destacou, acrescentando que a CEP tem “vindo a analisar e a integrar as recomendações resultantes do estudo da Comissão Independente”.
Sobre os sacerdotes, D. José Ornelas frisou que as “medidas cautelares provisórias de afastamento de funções de pessoas mencionadas” no relatório final da Comissão Independente “não significam qualquer atribuição de culpa e têm de ser seguidas de ulterior processo de investigação a fim de apurar a realidade e eventual responsabilidade dos factos concretos”. “Até lá, ninguém pode ser considerado culpado”, destacou.
Pela primeira vez na história da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), um leigo pode ser eleito como secretário da organização que reúne os bispos portugueses. A revisão dos estatutos da CEP, aprovada pela Santa Sé no final de março, permite que um homem ou uma mulher seja escolhido para ocupar o cargo de secretário do conselho permanente. Estatutariamente, a função pode ser exercida por um bispo, um padre, um consagrado, uma consagrada ou um leigo e tudo indica que na Assembleia Plenária que hoje começou, os responsáveis máximos pela Igreja vão escolher um leigo para o cargo.
Por voto secreto, os bispos vão votar para eleger o presidente da Conferência Episcopal. D. José Ornelas está no cargo há três anos e, por diversas vezes, manifestou vontade em abandonar o cargo. O desgaste provocado por um mandato marcado pela pandemia de covid-19 e pela situação dos abusos sexuais na Igreja estão na base da eventual não recandidatura de José Ornelas.
Entre os seus pares, os nomes mais falados para ocupar o cargo estão D. José Cordeiro, arcebispo de Braga e D. Francisco Senra Coelho, arcebispo de Évora. Além do presidente, os bispos têm também que eleger o Conselho Permanente (um grupo de sete bispos e um secretário), os presidentes das comissões episcopais (departamentos que gerem o estudo e a manutenção das atividades teológico-pastorais) e delegados dos bispos em diversas organizações.
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