“A gente no Minho não se deixa ofender por cenas de novela”

A polémica em torno da cena de uma novela da TVI em que os habitantes de Castro Laboreiro, Melgaço, são apelidados de “manhosos” por personagens que representam os ‘vizinhos’ do Soajo, em Arcos de Valdevez, continua a dar que falar. Depois de a Assembleia Municipal de Melgaço ter aprovado por unanimidade uma moção de repúdio exigindo desculpas da TVI, o assunto foi abordado no último episódio do Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer (antigo Governo Sombra), na SIC.

Questionado pelo moderador, Carlos Vaz Marques, sobre a forma como via a polémica, dada a sua “costela de minhoto sentimental”, o humorista Ricardo Araújo Pereira, que nasceu em Lisboa, mas cujos avós são de S. Martinho de Coura, em Paredes de Coura, respondeu que “a gente no Minho não se deixa ofender por cenas de novela”.

“[Costela] mais do que sentimental. Nasci em Lisboa, mas sinto que sou do Minho. Sou do Minho, sou do Minho, sou do Minho natural, quem não conhece o Minho, não conhece Portugal”, começa por afirmar o popular comediante dos Gato Fedorento. “Nós no Minho (…) a gente no Minho não se deixa ofender por cenas de novela”, afirmava Ricardo Araújo Pereira, quando foi interrompido por Carlos Vaz Marques, afirmando: “Exceto na Assembleia Mnicipal”.

Ao que o humorista responde: “Essa gente não representa os minhotos, todos os meus tios e tias, que estavam ali com a foice a segar erva, e volta e meia a foice cortava-lhes uma falangeta e eles ‘segue’, e agora vão-se melindar por causa de cenas de novela… Esta assembleia não representa nem a mim nem a minha família minhota”. E em relação à polémica entre as raças de cães sabujo do Soajo e Castro Laboreiro, que também está na origem da polémica, Ricardo Araújo Pereira nota: “Os cães estão-se borrifando para o que essa novela diz deles”.

O assunto foi levado a debate por Pedro Mexia que afirmou-se sentir “sabujo” e desenvolve, notando que as pessoas de Castro Laboreiro, nessa cena da novela, “eram acusadas de ser ladrões, bandalhos e manhosos e também há uma discussão sobre a raça dos cães”. “Ora, perante uma ofensa aos habitantes e uma ofensa aos cães, a população disse: eh pá, ofender os cães é que não dá. Dizem que é uma ofensa grave, têm que repudiar esse ultraje, é uma questão de uma ética, de um grande difamação… aos cães. Fazem grande historial entre a diferença entre um mastim e um cão de caça e a certa altura lembramo-nos: espera, isto é sobre uma conversa numa mercearia numa telenovela da TVI”, afirma Pedro Mexia, afirmando, com humor, que o pedido de desculpas deveria ser feito na novela pelas próprias personagens na mercearia.

Já João Miguel Tavares afirmou apenas que “até agora não sabia a diferença entre um sabujo e um castro laboreiro” e, depois, explicou as diferencas que passou a conhecer.

O episódio pode ser visto aqui – o assunto é abordado a partir dos 39m30s.

Como O MINHO noticiou em primeira mão, a novela da TVI “Para Sempre”, gravada parcialmente no Minho, provocou celeuma por entre os habitantes de Castro Laboreiro, do concelho de Melgaço, porque num dos episódios é possível ver personagens, que interpretam habitantes de Soajo, em Arcos de Valdevez, a criticarem, com insultos, os habitantes castrejos.

Depois de o caso ter sido noticiado por O MINHO, Assembleia Municipal de Melgaço aprovou por unanimidade uma moção de repúdio, proposta pelo PS, em que é exigida a “emissão de um comunicado público” pelo canal generalista do grupo Media Capital, a “repudiar” aquela cena da telenovela, “onde o povo, a história e a cultura de Castro Laboreiro são objeto de difamação”.

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