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A primeira produção intensiva de polvos

Sabiam que uma empresa de pescado (que não posso mencionar por motivos editoriais) tem planos para construir a primeira produção intensiva do mundo de polvos? O objectivo é produzir em sistema fechado de aquicultura mais de 1000 destes seres, por tanque, com fim de num ano comercializar mais de 1 milhão de polvos. A iniciar-se nas Canárias abrirá a porta ao aumento de unidades industriais em todo o mundo.

Mas qual o problema em intensificar a produção destes seres? Primeiramente porque os estudos científicos demonstram a elevada inteligência destes animais. Lembro-me de um filme muito interessante na Netflix, que se chama “My Octopus Teacher”, onde se consegue compreender a complexidade destes cefalópodes. Depois porque os polvos são híper sensíveis. Basta ver que todo o seu corpo tem terminações nervosas que são usadas para explorar o meio circundante. Mais, estes seres são altamente territoriais e agressivos o que condiciona qualquer prática de produção intensiva, sobretudo que garanta parâmetros elevados de bem-estar animal. Por fim, porque a criação de emprego pode ser feita noutras áreas, nomeadamente no sector das algas. Actualmente importamos mais de 90% destes bens de fora da União Europeia.

Por isso, e com o apoio de mais de 30 eurodeputados, escrevi uma carta ao governo autónomo das Canárias para travar esta insanidade. Escusado dizer que fui atacado pelos conservadores do VOX (partido extremista Espanhol), aliado do partido Chega, com a narrativa de ser contra a iniciativa privada. Algo que não é de todo falso quando esta iniciativa privada vai contra factos científicos, é prejudicial à preservação dos ecossistemas e constituí inclusive um perigo para a saúde pública. Estas posições demonstram, de modo cada vez mais evidente, que estes partidos de extrema direita não têm respaldo científico nas suas posições políticas, ignoram a crescente sensibilidade da sociedade civil em torno da melhoria do bem-estar dos animais e, pior, tentam destruir políticas de preservação e regeneração dos ecossistemas.

Texto: Francisco Guerreiro

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