Jornal de Hong Kong deixa de publicar cartoon político após queixas do Governo


De acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), o jornal em língua chinesa não precisou por que razão vai deixar de publicar as obras de Wong, que utiliza o pseudónimo de Zunzi.


O Ming Pao gostaria de expressar gratidão a Zunzi por testemunhar como os tempos mudaram connosco ao longo das últimas quatro décadas“, disse a editoria responsável pela publicação do trabalho do cartunista.


O trabalho de Zunzi caricaturava as frustrações da sociedade de Hong Kong já desde os tempos em que a cidade era controlada pelo Reino Unido.


Várias caricaturas desenhadas por Wong foram criticadas, nos últimos meses, por diferentes departamentos do governo, incluindo o da Segurança.


Mais recentemente, o gabinete para os Assuntos Internos e Juventude criticou o trabalho por “manchar” o papel do governo na nomeação dos membros do comité local que vão escolher, no final deste ano, os candidatos para os conselhos distritais.


No cartoon de Zunzi, um homem diz a uma mulher que, mesmo que algumas pessoas tenham chumbado em exames e sofram de problemas de saúde, podem ser nomeadas para as comissões, desde que “altos funcionários” as considerem aptas.


De acordo com o plano governamental para a reforma dos conselhos distritais, os comités locais, compostos por muitos apoiantes do governo, vão escolher cerca de 40% dos 470 assentos.


Apenas 20% dos assentos – ao contrário dos antigos cerca de 90% – vão ser diretamente escolhidos pelo público, um valor abaixo do nível estabelecido durante o domínio colonial britânico.


Tanto Wong como os departamentos governamentais que se queixaram do trabalho do artista não responderam a um pedido de comentário da AP.


Não é claro se o governo teve um papel na decisão da publicação, referiu ainda a agência de notícias.


Antecedentes sombrios


Pequim impôs em 2021 uma lei de segurança nacional na região administrativa chinesa, após gigantes protestos pró-democracia, em 2019.


O Apple Daily, um diário crítico do poder chinês que tinha apoiado o movimento antigovernamental, fechou em meados desse ano, depois de os fundos do jornal terem sido congelados e alguns dos executivos detidos sob a acusação de violarem a Lei de Segurança Nacional.


Hong Kong caiu para 148.º lugar no índice mundial de liberdade de imprensa da organização não-governamental internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF) de 2022.


Em 2002, quando o índice foi publicado pela primeira vez, o território foi classificado em 18.º lugar e considerado um paraíso para a liberdade de expressão na Ásia.


 


Compartilhe nas redes sociais

Benvindo(a) à Radio Manchete. 📻

Ouvir 📻
X