“A Academia está muito feliz de reconhecer, valorizar a cultura indígena”, significando uma vontade de “ter a maior representatividade possível da cultura brasileira aqui dentro”, disse o presidente da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira, em declarações à TV Globo.
Ailton Krenak nasceu em 1953 em Minas Gerais, na região do vale do rio Doce, uma zona afetada pela atividade de extração mineira.
Ativista do movimento socioambiental e defensor dos direitos dos povos indígenas, participou da fundação da Aliança dos Povos da Floresta e da União das Nações Indígenas (UNI).
O Governo brasileiro, através do vice-líder do Governo de Lula da Silva no Congresso, Bohn Gass, também já reagiu a esta eleição histórica.
“Ambientalista, filósofo, poeta, escritor e professor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Ailton Krenak é o primeiro líder indígena eleito para a Academia Brasileira de Letras. Levou mais de 100 anos para isso acontecer. Mas aconteceu”, escreveu, nas redes sociais, Bohn Gass.
Krenak recebeu 23 votos, vencendo a historiadora Mary Del Priore (12 votos) e o escritor Daniel Munduruku (3 votos).
Não fez campanha, tendo permanecido a maior parte do tempo na Reserva Indígena Krenak, no município de Resplendor, no estado de Minas Gerais, segundo noticiou a imprensa local.
Aos 17 anos, Ailton Krenak mudou-se para o estado do Paraná, onde se alfabetizou.
Participou da fundação da União Nacional dos Indígenas (UNI), o primeiro movimento indígena de expressão nacional, e foi figura central na Assembleia Nacional Constituinte, em 1987, pintando o rosto com uma tinta preta em protesto ao retrocesso dos direitos indígenas no Brasil.
Estreou-se como escritor em 1999, quando a sua obra “O Eterno Retorno do Encontro” foi incluída na antologia “A Outra Margem do Ocidente”.
Entre as suas obras contam-se ainda “O Amanhã Não está à Venda” (2020), “A Vida Não é Útil” (2020), “Futuro Ancestral” (2022), “O sistema e o antissistema: três ensaios, três mundos no mesmo mundo” (2021), “O lugar onde a terra descansa” (2000) e “Firmando o pé no território” (2020).
O seu livro “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, lançado em 2021, tornou-se um dos mais vendidos no Brasil naquele ano e já foi traduzido para o inglês, francês e alemão.
Há vários anos que a Academia Brasileira de Letras tem vindo a promover uma diversificação entre os seus membros, quer em termos de género, raça e ocupação, o que lhe permitiu eleger como membros em 2021 o consagrado cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil e a aclamada atriz Fernanda Montenegro, conhecida como “A Primeira Dama do Teatro Brasileiro”.
Entre os cerca de 300 “imortais” que ocuparam, ou ocupam, as 40 cadeiras da Academia Brasileira de Letras estão escritores como Jorge Amado, Machado de Assis, Nélida Piñón, Paulo Coelho e João Guimarães Rosa, assim como os ex-Presidentes brasileiros José Sarney e Fernando Henrique Cardoso.
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