10 de Dezembro, 2023

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Opinião: À Mesa com Portugal–Feito à mão

Opinião: À Mesa com Portugal–Feito à mão

O valor de qualquer produto está mais no valor que cada um de nós atribui do que no próprio produto em si. E aqui entram tantos e tantos critérios que tomar o todo pela parte não ajuda ao esclarecimento. A mim, interessa-me discutir o valor artesanal dos produtos. É claro que não nos passa pela cabeça abdicar das máquinas como força de trabalho na cozinha e na pastelaria. Ainda que amassar o pão à mão nos desse um pão diferente, o esforço e o tempo necessário para o efeito diz-nos que abdicamos dessa diferença em prol de uma melhor qualidade de vida dos padeiros. Contudo, convém estar atento aos pormenores e ao esforço de quem mantém a arte manual de fazer cozinha e doçaria. É que são feitas por humanos que se dispõem a estar condições adversas apenas para que o resultado seja perfeito e saboreado sem mácula de defeito.
Por isso, convém não misturar alhos com bugalhos e achar que um produto gastronómico é caro apenas porque passa além do que consideramos ser o preço ideal. Já nos interrogámos sobre o esforço envolvido? Ou sobre a qualidade dos ingredientes? Ou sobre o tempo despendido? Falo assim porque me faz imensa confusão quando ouço as pessoas referirem que um qualquer produto é caro. Para mim, o desconhecimento e a falta de vontade em conhecer o produto dá uma ideia errada do que é o valor do produto. Este inclui tanta dimensão, que apenas ficar agarrado ao preço diz muito sobre a literacia gastronómica que temos.
Talvez fosse importante perceber que um produto gastronómico que é feito à mão tem a personalidade e o caráter da individualidade produtiva. Anda que tenha diferenças no tamanho e na forma, o esforço humano tem como objetivo a uniformidade. É hercúlea a vontade em conseguir a perfeição e, para isso, cozinheiros e pasteleiros não se poupam a esforços.
Pensar nisto pode ser útil para que a gastronomia possa ser valorizada como parte de um ecossistema físico e humano onde a diversidade é o melhor que nós podemos ter. A produção artesanal tem variantes e gradações de sabor, textura, aroma e cor que dependem da têmpera que cada produtor quis atribuir ao produto. E, na verdade, fazer tudo igual não é o mais interessante, mas aproveitar a escala de sabores e de aromas vai ajudar-nos a enriquecer o nosso palato e não deixar que fiquemos amorfos. Em descoberta do muito, percebemos o quanto gostamos do pouco. Mas para isso, é preciso viajar na ordem e transgressão que a gastronomia artesanal nos permite.

Pode ler a notícia completa na edição impressa e digital do DIÁRIO AS BEIRAS

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